
SEM SABER VOLTAR
Já era manhã pelas mãos do poeta
Calado, tímido e guiado a luz de velas
Escrevia...
E sem perceber
Suas palavras o levavam a ela.
De certo, esperaria-se que falasse de amor
Mas não dessa vez...
Evocava de súbito a solidão
Reinventando a vida
Sobre o papel que talhava delicadamente.
Queria como um último esforço
Registrar naquele papel
O que a muito o afligia
Remédio não há, nem necessitaria
Dava vazão à dor que sentia
Não existindo beleza maior
Em enfrentar o que o consumia.
Era como se ela estivesse ali
Dentro de cada palavra escrita
A manhã já raiava
A lua se escondia
Mas o poeta não se importava
Ou se quer percebia
O frio que o acompanhava
Dada à seara de emoções que o aquecia.
Silenciosamente pediu perdão
E sem exitar, chorou
Como se não quisesse mais voltar
Eximindo todo o furor
Expurgando toda a culpa
Bebendo toda a dor
E desse momento em diante,
Pôs-se a caminhar
Nunca mais o vi
Talvez tivesse razão
Pois nunca mais retornou
Será que algum dia regressará?
Rodrigo Costa Lima
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