domingo, 17 de junho de 2012

SER E SONHAR




Meu jeito é de te olhar nos olhos, ir lá fundo e beber tua alma. Descobrir teus desejos, acalentar teu medo, segurar tua mão. Meu jeito é de imaginar, te procurar nos escuros, te descobrir nos versos e nos cheiros de cada amanhecer. Em cada nascer, sentimentos que descubro em mim, valiosamente seus. Meu jeito é de sonho e luar. Meu jeito é medo conflitante de saber esperar. Meu jeito é de cativar com a simplicidade dos gestos. Meu jeito é meio sem jeito, de olhar tímido e esperançoso, coração aberto e certo de amar. Meu jeito é convicto e tímido de quem se deixa encontrar. Meu jeito, minha fortaleza tem a força da primavera e a imensidão imperceptível do olhar. Meio jeito, alguns medos, segredos e recordações. Meu jeito alheio ao que passa sem encantar. Meu jeito avesso a tanta maldade. Meu jeito também é razão e respeito. Meu jeito não tem jeito pede caminhadas na chuva, poesia e reflexão. Meu jeito pede pés na estrada, vias em movimento, vidas em construção. Meu jeito pede momentos a só, ensejos do próprio existir. Meu jeito bebe constantemente na sabedoria do silêncio.  Meu jeito não é nenhuma condição é a apenas gostar, é estar por perto sem se notar. Meu jeito é o que não conheço. Meu jeito é o começo...

Rodrigo Costa Lima

terça-feira, 5 de junho de 2012

"SONHO E SIGO EM FRENTE PARA ME ENCONTRAR"




SABER QUERER

Todos temos vontades e imaginação. A isso, de modo geral chamamos de SONHAR. Eis uma singela reflexão: Sonhos que não nos fazem viver, são ilusões. Podemos naturalmente, viver de ilusões. No entanto, permanecemos estáticos, imóveis no mesmo lugar. Em contrapartida, quando temos a dignidade de buscar realizar aquilo que fora almejado, temos realmente um Sonho nas mãos. Uma causa, um motivo pelo qual desafiamos todo o dia a vida. Eis a sutil e importante diferença: Sonho nos move, Ilusão é algo impossível de ser realizado pois as pessoas simplesmente não tentaram. O essencial é QUERER! O resto, no caminho a gente aprende com humildade e paciência, conciliando maturidade e ousadia. Essa é uma das grandes belezas da vida, VIVER!

Quero compartilhar com você uma das partes do meu livro preferido: O ALQUIMISTA, de Paulo Coelho, apesar de algumas restrições quanto a ele, peço que leia:

- Nunca fiz uma estante antes - respondeu o Mercador. - As pessoas passam e esbarram. Os cristais se quebram.

- Quando eu andava pelo campo com as ovelhas, elas podiam morrer se encontrassem uma cobra. Mas isto faz parte da vida das ovelhas e dos pastores.

O Mercador atendeu um freguês que desejava três vasos de cristal. Estava vendendo melhor do que nunca, como se o mundo tivesse voltado no tempo, para a época em que a rua era uma das principais atrações de Tanger.

- O movimento já melhorou bastante - disse ao rapaz, quando o freguês saiu. - O dinheiro permite que eu viva melhor, e lhe devolvera as suas ovelhas em pouco tempo. Para que exigir mais da vida?

- Porque temos que seguir os sinais - falou o rapaz, quase sem querer; e arrependeu-se do que dissera, porque o Mercador nunca havia encontrado um rei.

"Chama-se Principio Favorável, sorte de principiante. Porque a vida quer que você viva sua Lenda Pessoal", falara o velho.

O Mercador, entretanto, estava entendendo o que o rapaz falava. A simples presença dele na loja era um sinal, e com o passar dos dias, com o dinheiro entrando na caixa, ele não estava arrependido de haver contratado o espanhol. Mesmo que o rapaz estivesse ganhando mais do que devia; como ele sempre havia achado que as vendas não mudavam mais, tinha oferecido uma comissão alta, e sua intuição dizia que em breve o garoto estaria de volta as suas ovelhas.

- Por que você queria conhecer as Pirâmides? - perguntou, para mudar o assunto da estante.

- Porque sempre me falaram nelas - disse o rapaz, evitando falar no seu sonho. Agora o tesouro era uma lembrança sempre dolorosa, e o rapaz evitava pensar nisto.

- Eu não conheço ninguém aqui que queira atravessar o deserto só para conhecer as Pirâmides - disse o Mercador. - São apenas um monte de pedras. Você pode construir uma no seu quintal.

- Você nunca teve sonhos de viajar - disse o rapaz, atendendo mais um freguês que entrava na loja.

Dois dias depois o velho procurou o rapaz para falar da estante.

- Não gosto de mudanças - disse o Mercador. - Nem eu nem você somos como Hassan, o rico comerciante. Se ele erra numa compra, isto não o afeta muito. Mas nos dois temos sempre que conviver com nossos erros.

"E verdade", pensou o rapaz.

- Para que você quer a estante? - disse o Mercador.

- Quero voltar mais rápido para minhas ovelhas. Temos que aproveitar quando a sorte esta do nosso lado, e fazer tudo para ajudá-la da mesma maneira que ela esta nos ajudando. Chama-se Principio Favorável. Ou "sorte de principiante".

O velho ficou calado por algum tempo. Depois disse:

- O Profeta nos deu o Alcorão, e nos deixou apenas cinco obrigações para serem seguidas em nossa existência. A mais importante e a seguinte: só existe um Deus. As outras são: rezar cinco vezes por dia, fazer jejum no mês de Ramada, fazer caridade com os pobres.

Parou de falar. Seus olhos ficaram cheios de água ao falar do Profeta. Era um homem fervoroso, e mesmo com toda a sua impaciência, procurava viver sua vida de acordo com a lei muçulmana.

- E qual a quinta obrigação? - perguntou o rapaz.

- Ha dois dias atrás você disse que eu nunca tive sonhos de viajar - respondeu o Mercador. - A quinta obrigação de todo muçulmano e uma viagem.

Devemos ir, pelo menos uma vez na vida, a cidade sagrada de Meca.

Meca e muito mais longe que as Pirâmides.

Quando eu era jovem, preferi juntar o pouco dinheiro que tinha para começar esta loja. Pensava em ser rico algum dia, para ir a Meca.

Passei a ganhar dinheiro, mas não podia deixar ninguém cuidando dos cristais, porque os cristais são coisas delicadas. Ao mesmo tempo, via passar defronte a minha loja muitas pessoas que seguiam na direção de Meca. Haviam alguns peregrinos ricos, que iam com um séquito de criados e de camelos, mas a maior parte das pessoas era muito mais pobre do que eu era".

"Todas iam e voltavam contentes, e colocavam na porta de suas casas os símbolos da peregrinação. Uma delas, um sapateiro que vivia de remendar as botas alheias, me disse que havia caminhado quase um ano pelo deserto, mas que ficava sempre mais cansado quando tinha que caminhar alguns quarteirões em Tanger para comprar couro".

- Por que não vai a Meca agora? - perguntou o rapaz.

- Porque Meca e o que me mantém vivo. E o que me faz aguentar todos estes dias iguais, estes vasos calados nas prateleiras, o almoço e o jantar naquele restaurante horrível.

Tenho medo de realizar meu sonho, e depois não ter mais motivos para continuar vivo.

"Você sonha com ovelhas e com pirâmides. E diferente de mim, porque deseja realizar seus sonhos.

Eu quero apenas sonhar com Meca. Já imaginei milhares de vezes a travessia do deserto, minha chegada na praça onde esta a Pedra Sagrada, as sete voltas que devo dar em torno dela antes de tocá-la.

Já imaginei quais pessoas estarão do meu lado, na minha frente, e as conversas e orações que compartilharemos juntos. Mas tenho medo que seja uma grande decepção, então prefiro apenas sonhar".

Neste dia, o Mercador deu permissão ao rapaz para construir a estante. Nem todos podem ver os sonhos da mesma maneira.

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Termino com uma das frases presentes no livro: "'Quando você deseja uma coisa, todo o Universo conspira para que possa realizá-la', havia falado o velho rei."

Seja FELIZ!

Rodrigo Costa Lima

domingo, 3 de junho de 2012

ACORDA E SONHA




Azul-Dourado

O dia azul-dourado
Abre alas na minha janela
Silencio o mundo
E por um segundo
Sinto a beleza que habita o coração humano.

O dia ali
Momentaneamente estático
Azul-dourado
Esperando por mim.

Não me pede nada
Nem palavras, nem certezas
De certo, espera que eu apenas veja
O que a razão encobre.

Dia azul-dourado
Ensina-me a teu gesto
Conquistar toda a liberdade
Sem euforia ou alarde
Ensina-me a colher a tarde
A acolher o tempo
Em seu próprio tempo.

Dia azul-dourado
Obrigado,
Por manter viva a chama da vida
Por nunca se cansar de raiar
E elucidar de sonhos aqueles que cativa.

Rodrigo Costa Lima

Copyright Todos os direitos da foto reservados a Antonio Carlos Castejón