sexta-feira, 24 de julho de 2009

SOB O SONHO



Ser e Estar


"Quando a noite cai

Eu volto aqui
Onde sempre estou
Quando o sol se vai
Eu volto a ser
O que sempre sou
Um homem só"

(Um Homem Só - Capital Inicial)


Olho aquela montanha

Como se fosse à última vez

E o faço, com o olhar deslumbrado

Como se fosse o primeiro contato

Daquele eterno encanto que nunca desfez.


Se sei alguma coisa?

Sei nada não senhor...

Vivo dos sonhos

De se ser sonhador

De coisas futuras

Das que o tempo levou

De coisas passadas

E do que ainda sobrou

Daquilo que fui, daquilo que sou

Sou as lágrimas

Sou a dor

Sou os sonhos

E os desenganos...

De quem nunca sonhou.


Rodrigo Costa Lima


segunda-feira, 20 de julho de 2009

POR FIM, SONHAR...


Caso Exista Tempo...


A cidade está toda marcada

Perfumada com a nossa presença

E para sempre a de ficar
Então me diga
Diga-me que vou conseguir

Diga que vou viver por aqui
Enquanto aguardo seu regressar.


Ruas, becos, praças

Em tudo percebo você

Querendo me dizer

Então me diga,
Diga que não sei dizer adeus

Que é por demais sofrida a solidão

E que a ausência sentida

Está presente em meu coração.


Estamos por todos os lugares

Seja dia, de mãos dadas pelas ruas

Ou abraçados ao anoitecer, namorando a lua

Logo me diga
Diga que não quero ir
Que tenho medo de partir.

Nos bancos estão as lembranças

Dos nossos segredos,

Beijos e desejos

E nas lembranças me perco

Agora me diga

Diga que estou por aí.


A sua ausência me dói

Mas o pior é não saber o porque
Então me diga

Diga o que não quero ouvir

Diga se quiser dizer
E quando disser, não tenha medo de ferir.


Diga-me que não acabou

E que ainda é tempo de sonhar

Apenas o começo do recomeço do que vamos começar.


Mas se nada disso disser
Saberei que é o fim

E no fim serei o que f(l)ui

Sem mesmo saber

Tão pouco entender

O que é a vida
E as razões que nos fazem sorrir e sofrer.

Rodrigo Costa e Misyara Rabelo

sábado, 4 de julho de 2009

SONHO DE ESTAR


SEM SABER VOLTAR

Já era manhã pelas mãos do poeta
Calado, tímido e guiado a luz de velas
Escrevia...
E sem perceber
Suas palavras o levavam a ela.

De certo, esperaria-se que falasse de amor
Mas não dessa vez...
Evocava de súbito a solidão
Reinventando a vida
Sobre o papel que talhava delicadamente.

Queria como um último esforço
Registrar naquele papel
O que a muito o afligia
Remédio não há, nem necessitaria
Dava vazão à dor que sentia
Não existindo beleza maior
Em enfrentar o que o consumia.

Era como se ela estivesse ali
Dentro de cada palavra escrita
A manhã já raiava
A lua se escondia
Mas o poeta não se importava
Ou se quer percebia
O frio que o acompanhava
Dada à seara de emoções que o aquecia.

Silenciosamente pediu perdão

E sem exitar, chorou
Como se não quisesse mais voltar
Eximindo todo o furor
Expurgando toda a culpa
Bebendo toda a dor
E desse momento em diante,
Pôs-se a caminhar
Nunca mais o vi
Talvez tivesse razão
Pois nunca mais retornou
Será que algum dia regressará?

Rodrigo Costa Lima