sábado, 20 de setembro de 2008

SONHO DE MENINO


Brincando de Se Esconder

Desculpe por não ter respondido ao seu chamado
Estava meio ocupado
Brincando de me esconder...

Já fazia algum tempo
Que procurava o caminho
Que outrora fizera o menino
Quando este buscava se entender.

Procurei o silêncio que guarda os armários
Mas curiosamente lá estava tão apertado
Eu não mais parecia caber ali
Seja em pé ou sentado.

Lembrei-me então da cama
Meu esconderijo secreto!
E por mais que todos tivessem acesso
Construía minha fortaleza de lençóis
Sentia-me tão seguro, mesmo estando apenas coberto.

Percorri toda a casa
Cada cantinho eu vasculhei
Ao final do dia estava exausto, mas ainda sim não me encontrei...

Ao deitar sobre túmulo que outrora me serenava e aquecia
Percebi que o menino apenas se escondia
De quem o maltratava
Não das trapalhadas que vira e meche fazia.

O adulto não!
Ele foge de si e de sua covardia
Foge por não agüentar
As culpas que carrega em sua face triste e amarelecida
Se diz infeliz, mas sua infelicidade é não saber amar e perdoar
Por isso sempre se esconde.

Mal sabe ele
Que esse temor a de acompanhá-lo por onde quer que ande
Até o momento em que decida retirar de sua fronte
Essa capa, essa armadura
Que o fere, fazendo com que jorre sangue.

Quando o adulto entender que para ser feliz
Necessita simplesmente de amar
A de surgir uma luz
E os seus sonhos serão mais uma vez cristalinos
Pois terá reencontrado seu caminho
Sendo levado e guiado pelo seu coração
Materializado em menino.


Rodrigo Costa Lima

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