terça-feira, 17 de abril de 2012

ABRA OS SONHOS



SORRIR



Existem dias... Bem, dias em que simplesmente eu não queria existir... Dias de muita dor e de solidão. A vida não é tão simples assim quando estamos sofrendo. As coisas parecem ir se acumulando e eu nem sei como fui deixar isso acontecer. Sentir-me assim tão só e deprimido. Sabe, eu olho nos olhos das pessoas e sorrio, elas passam em um breve momento, eu continuo calado matutando minha dor... Dor pela incompreensão, dor pela falta... Eu finjo não me importar com que as pessoas dizem, com a sua insensibilidade e egoísmo. Finjo: “logo, logo vai passar”. Percebo toda a impaciência, intolerância e por vezes me questiono: “serei mesmo tão estranho assim?”. São tantas perguntas que me faço, trago a tona angústias, tristeza e decepções. Continuo sorrindo, mesmo sem saber no que acreditar. Apenas sei da importância de sorrir, de agir assim. Tenho uma chance a mais para conseguir alcançar meus desejos. Se eu deixar de sorrir, irei morrer aos poucos. O silêncio tomará de assalto minha voz com tamanha intensidade, que os ruídos da esperança serão hieróglifos indecifráveis de mim mesmo, em meio ao ermo. Logo cedo, de frente ao espelho dou o maior sorriso, nada falso ou cínico, é como se dissesse: “vai, caminho contigo, podemos mais!”. Hábito “sentimificado” em tempos difíceis de outrora. Então, mesmo sem estar bem eu sorrio, deixo que a vida leve o que não me completa, para habitar em festa o meu mundo cativo.   

Rodrigo Costa Lima

2 comentários:

Outrarte disse...

"Em tempos pensei que tinha sido ferido como homem algum jamais o fora. Talvez ao abrir a ferida, a minha própria ferida, tenha fechado outras feridas, feridas de outras pessoas. Morre qualquer coisa, floresce qualquer coisa. Sofrer na ignorância é horrível. Sofrer deliberadamente, para compreender a natureza do sofrimento e aboli-lo para sempre, é muito diferente.Sofrer é desnecessário. Mas temos de sofrer para compreender que é assim.

Além disso, é só então que o verdadeiro significado do sofrimento humano se torna claro. No derradeiro momento desesperado - quando não podemos sofrer mais! - acontece qualquer coisa que tem a natureza de um milagre. A grande ferida aberta pela qual se escoava o sangue da vida fecha-se, o organismo desabrocha como uma rosa. Somos «livres», finalmente (...). "

Henry Miller, in 'Plexus

Unknown disse...

O sorriso que carrego não é de maneira alguma falso. É só que, não aprendi tira-lo do meu rosto. Ele vai ali, junto a minha dor. Por que ele se nega a sair do meu rosto e mostrar a dor que está em mim. Quem sabe ele traga bom presságio, e mude as coisas que estão por aqui. Eu sigo sorrindo, mesmo que, com lágrimas na alma, porque aprendi a mascarar a angústia. Porque aprendi a ser assim.